Cachaça na Ferida

 Eu tenho sentimentos que ardem como uma ferida aberta que encosta na roupa, as vezes arde como se alguém tivesse derramado uma garrafa de cachaça sobre e fico confuso, como se tivesse aproveitado o derrame da cachaça na ferida em carne viva e bebido um tanto dela pra quem sabe eu não sinta.

Interpretando o Outro

 Nunca sei de fato a interpretação dos fatos do outro, que me conhece um pouco, já se iludindo que entende alguma coisa sobre mim. Não que eu seja tão misterioso assim, mas me apavora a certeza do outro enquanto tenho tantas duvidas por quem sou e sinto. 

 Isso se inverte e percebo que não sei interpretar com exatidão quem me interessa, por mais que eu tenha pressa em decifrar cada pausa entre as conversas, a ausência que acontece na presença quando sinto que não to mais ali enquanto to.

 Volta e meia sinto que na verdade já sabem tudo sobre mim, que na verdade eu sou um porre. Não, porre é melhor do que acredito que sou, porre diverte, talvez eu seja um entediante dia de rotina que todos sabem por onde começa e termina e por final querem fugir. 

 Eu também quero fugir.

Eu não me suporto mais

 Cheguei no meu limite e quero terminar comigo, fingir que não existo, me deixar falando sozinho, viver qualquer coisa que não tenha eu, porque não me suporto mais. É mais do mesmo, é mesmo! O mesmo e mesmo do mesmo: sempre sofrendo por desmatamento, esgotamento, carência, governo, sistemas de ensino, família, autoritarismo, desigualdade social e vontade de sumir.

 Então sumi de tudo que antes projetava um pouco mais de mim, como instagram e twitter, me dando unfollow das minhas próprias contas para ter menos contato comigo mesmo, evito até o espelho. 

 Quero sumir, andar por aí a procurar, sorrir pra não chorar, assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar, eu quero nascer, eu quero morrer. Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar depois que me encontrar.

Projeto de TCC

 Não como faz 24 horas, almocei ontem e desde então não senti vontade de por nada na boca que não seja cerveja, café e cigarro. Tem toda essa minha instabilidade afetiva misturada com a pressão do projeto do TCC, que significo minha vida através dele. 

 Sei que parece exagero, mas através dele quero promover a maior discussão sobre a ditadura militar que essa cidade já teve, quero movimentar o cenário político num momento em que caminhamos para o fascismo, estando ciente do risco que corro, se for necessário morrer por isso, eu morro. Não pode haver uma ditadura nunca mais!

 A banca de qualificação pediu para que eu mudasse o tipo da pesquisa, sugeriu algumas coisas que não concordo, mas que vou me submeter porque não aguento mais ir para URI - parece que estou numa bicicleta de acadêmica que pedalo e pedalo e não saio do lugar. 

 Estou buscando sempre as mínimas revoluções, sacrificando meu tempo por algo que na realidade nunca tem tanto efeito. É mais uma divida comigo mesmo, de não tolerar qualquer espécie de autoritarismo, seja ele na estrutura macro ou micro.  
 Estou cansado e insuportável.

Hoje o cansaço me ganhou

 O dia começou com minha filha doente, num calor desses que ferve o sangue da gente até parar na cabeça. Abro o twitter, instagram e vejo mais do mesmo do que vi antes de dormir: imagens de policiais abusando da autoridade, machucando pessoas por sadismo. O noticiário é carregado de retrocesso democrático, com a Ancine retirando os filmes brasileiros de cartazes. 

 Não consigo separar a vida pessoal da mundana, não ter um hospital público de qualidade para levar minha filha é uma questão política! Vejo tudo interligado, o que faz doer mais cada ferida, que antes de cicatrizar é sobreexposta num novo corte sádico.

 Tem taio afetivo que nunca cicatrizou, porque tô sempre lá, cutucando ou alguém bate sem querer. Por exemplo o taio profundo que é me sentir inconveniente na vida das pessoas, este arde no contato e é só me afastando para parar de doer. 

 Tem taio político que me dá calafrios, como o do facismos que vê quem pensa diferente como um inimigo a ser combatido, este doi mais ainda quando penso no impacto que uma perseguição política teria na vida da minha filha. Aí me calo por medo? Não! É assim que começa o facismos. Então serei tolo e darei meu corpo por uma ideia? A história de Sócrates é linda, mas não tenho condições de repetir, deixando minha filha sem pai ou pior, quando penso que podem fazer algo com ela. 

 Ainda hoje fui lembrado que meu trabalho não é validado, pois não assina carteira, e que apesar de não me restar muito tempo devido as responsabilidades acarretadas pela faculdade, e nem mesmo o fato de estar fazendo um importante trabalho social, ainda pertenço a estatística do desemprego, que mesmo depois de formado é incerta minha profissão como psicólogo, num país que está dando prioridade para psiquiatria e comunidades terapêuticas gerenciadas por religiosos.  

 No mesmo dia, cutucaram a ferida mais recente, que é a necessidade de eu me mudar, para quem sabe parar de me incomodar com minha ex-namorada, que vive em Nárnia, fungindo de responsabilidade afetiva, sobrecarregando a minha, como se fosse possível eu suprir o carinho de outra pessoa. 

 Acabou o dia e adentrou às 2h21 do posterior, pra finalizar este texto dizendo que estou com vontade de desistir de tudo e só não fiz isso ainda porque sou responsável por uma criança que amo muito e que não tem culpa nenhuma de eu ser um fodido.

Fascismo Explícito

 Sempre teve ali, exalando pelos poros de quem gosta de controlar, diversas vezes tentando atuar em meu corpo, mas sou resistência. Não a resistência revolucionária que eu gostaria de ser, mas uma resistência que insiste em continuar existindo de forma única, por mais que exista uma (o)pressão social forçando a ser outra coisa que queira mais coisas do que momentos.

 O primeiro fascista surge na família, na primeira palmada, no primeiro castigo, na primeira penalidade por pensar por conta própria. Depois vem a escola, quando ninguém perguntou o que eu gostaria de saber e me avaliou sobre isso, usando muitas vezes a própria avaliação como uma ferramenta de opressão. 

 Na faculdade não foi diferente, refém da subjetividade de algumas professoras deprimentes em estado de burnout. Ainda resisto e tomo no cu, porque insisto em ser diferente e falar que tá errado tudo isso de cobrarem da professora mais domínio de classe do que de conteúdo.    

 Tem também quem pague salário e se ache dono do meu tempo, acho que é essa mesma a função do salário, vender o tempo de trabalho, no entanto, quem foi que disse que minha hora de vida vale menos que quatro reais? 

 Se questiono mais um pouco, faço cartaz e vou pra rua, vem outro mecanismo opressor me dar palmada e me colocar de castigo, atrás de alguma grade ou de baixo da terra, alienado do social, do convívio.  

 Mas eu resisto, um tanto estrategicamente, procurando me manter vivo, porque a maior resistência é existir.

Não Sou um Merda

 Tem dias que acho que sou um merda, existem outros que tenho certeza e existem até outros que não acredito servir nem para merda, porque até a maldita merda tem uma função. 

 Ter função é pertencer, ser necessário nessa modernidade líquida, onde tudo escorrega pelos dedos e é insubstituível por um modelo mais aprimorado, sinto ser a peça que deu errado, que pode facilmente ser colocada de lado. 

 De fato, não gosto de ser peça, mas é um pouco dolorido não fazer diferença.

Saudade

 Saudade é coisa complicada, porque não acredito que falta nada, mas lá tá ela em forma de buraco imaginário, insistindo em dizer o contrário.

 Gosto de dormir abraçado, quase acho necessário, mas ser viciado em abraço é tão arriscado quanto tarja preta. Não quero depender emocionalmente de nada e ao mesmo tempo quero muito estar do lado de quem gosto. Sinto falta da concha que me abraça e é abraçada. 

 Tou com saudade.  

Mestre das Merdas

 Achei meu esquecido blog, junto encontrei um perdido eu, que se perdeu no meio das mudanças, mas não foi jogado fora, continuava ali, intacto em baixo de um monte de coisa que enjoei, mas não joguei fora, porque acho que era meio acumulador, porém seis anos depois resolvi lavar algumas coisas e fazer um brechó, outras mofaram e achei melhor por fora, guardando só a lembrança antes do mofo que afasto de mim e dos outros para evitar crise alérgica.

 No meio de tanta tralha tinha o eu escritor, que escrevia porque na escrita era livre e sabia se fazer entender um pouco do que se passa dentro, deixando mais claro as coisas para mim e para o outro que esbarra comigo.

 Minha camiseta mais nova é uma da URI, escritor acadêmico, tanto que quando comecei essa crônica o primeiro botão que apertei foi o tab, mas ele não recuou o texto. Leio mais que escrevo e quando escrevo, cito mais do que escrevo e quando escrevo, cito indiretamente o que li, colocando entre parênteses quem pensou tudo aquilo e em que ano resolveu falar para o mundo, digo até a página que li.

 Quando vi o eu escritor de seis anos atrás, mofado em baixo de tantas roupas que não me cabem mais, resolvi vestir de novo e escrever como um mestre, mestre das merdas que escrevo.

Preocupação, Inveja e Admiração

Se preocupam mais com minha vida do que eu com ela, acho que nem é tanta preocupação, é mais julgamento, e esse julgamento nem é tanto julgamento, é mais inveja e admiração do que qualquer outra coisa.

Invejam minha coragem de não arrumar o cabelo ou fazer a barba, de por a primeira roupa que vejo ao invés de ficar meia hora em frente ao espelho imaginando sobre o que vão pensar sobre mim, invejam o fato de eu não me preocupar sobre o que vão pensar sobre mim, invejam a coragem que tenho de não me padronizar, invejam a coragem que tenho de fazer o que quero.

A verdade é que nem eu sei o que quero, só sei o que não quero, que é me padronizar.

Talvez eu me preocupe com os outros, talvez eu inveje a facilidade que eles têm de serem felizes por estarem usando um tênis da moda, por estarem com o penteado do seu jogador favorito, entre outras coisas que a televisão diz que você será feliz ao adquirir.

Talvez eu inveje a capacidade de ser ignorante, pois a ignorância é a formula da felicidade.

Alguém na Vida

Um dia me disseram
Para eu ser alguém na vida
Então eu pensei, meu Deus
Que vida fodida

O que será que eu faço
Para ser alguém?
Vejo tanta gente fazendo a mesma coisa
Que não é ninguém

São tudo loucos pensando que são certos
Que quando aparece alguém certo
Pensam que ele é louco

Ai, meu Deus, o que eu vou fazer
Para ser alguém?
Talvez eu viva e morra
Sendo ninguém

Porque eu não sei o que fazer
E talvez eu morra antes de eu saber
O que é preciso fazer
Para ser alguém

Eu já não sei o que faço
Por isso me entrego ao descaso
E entro nessa vida boêmia
Para tudo isso esquecer

Tédio

Alguém aí me ajude
A sair deste tédio
Eu não aguento mais
Ficar neste prédio

Eu vou pular
Pela janela

Os meus melhores amigos são cantores de rock
Mbp, reggae, indie 
Até musica pop

Eu vou pular
Pela janela 

A bagunça do meu quarto expressa 
O que se passa em minha cabeça
Preciso sair dele antes que eu enlouqueça 

Eu vou pular
Pela janela

Todo mundo diz que é pra eu trabalhar
Mas disso eu já cansei antes de começar 

Eu vou pular
Pela janela

A Perfeição da Imperfeição

A pessoa só é feia quando tenta parecer o que não é.

Por que ter vergonha do seu nariz torto? 

Por que ter vergonha da sua testa enorme?

Por que ter vergonha de seus dentes de cavalo, da sua cor de pele, cor de cabelo, do seu cabelo, suas sardas?

Por que ter vergonha de ser gordo?

Por que ter vergonha de ser magro?

Por que ter vergonha?

Somos todos imperfeitos, essa é a verdadeira perfeição.

Não existe uma pessoa com as mesmas imperfeições que as suas, e é essas imperfeições que te tornam unicamente perfeita.

Pare de olhar para o espelho buscando ver aquela atriz ou ator de cinema, apenas reconheça a ti mesmo, perceba que sem imperfeições todos seriamos iguais, igualmente feios, pois a beleza mora nas coisas diferentes, coisas únicas, e é isso que somos, unicamente perfeitos.

Balada

Quando vou à balada me sinto em uma savana onde tem um monte de animais machos tentando mostrar para as fêmeas o quanto eles são fortes. Também existe um monte de fêmeas tentando mostrar o quanto são férteis e aptas a acasalar. 

Pagar para ficar amontoado com um monte de gente que se acha rico porque foi tonto o suficiente para pagar para entrar no lugar onde fica um monte de gente amontoada que se acha rico. 

Só o dinheiro gasto na entrada já daria para comprar as bebidas de uma junção(festa em casa), e se todos os amigos pagassem o mesmo que pagariam para entrar na balada, para o dono da casa, aí estaria feito! Além de terem as melhores bebidas em Open Bar, teriam comida, não existiria fila para ir ao banheiro, nem pessoas que não gostariam de ver a cara, pois em junções só vão amigos e convidados. 

Humanos e suas humanisses. 

Eu nunca vou entender os humanos. Na verdade o problema é que eu já entendi, só que não me conformo com isso

Por que fumo?

 Quando fumo, vou a um lugar onde fico sozinho, ninguém me segue, pois ninguém gosta do cheiro da fumaça, quando alguém suporta o cheiro, é porque também é fumante, e se é fumante, também tem algum motivo para fumar, posso me queixar para ele e ele se queixar para mim, mas ainda prefiro fumar sozinho, e por mais irônico que isso pareça, quando fumo é o único momento que respiro fundo. 

 A fumaça que solto, dá uma falsa impressão de que são as coisas más que tanto me estressavam que agora estão saindo.

 Quando bebo junto, aí a coisa se completa, porque além de me distanciar das coisas, ainda consigo ignorar elas com muito mais facilidade. A calmaria está em fumar e beber. Pelo menos para mim.­­

O Segredo da Discussão

 O segredo da discussão é ter sempre uma carteira de cigarro e uma garrafa de vodka, quando a discussão começar, apenas escute, depois pegue sua carteira de cigarro, a vodka e se dirija para um lugar onde possa fumar e beber tranquilamente, depois disso ambos estarão mais calmos, se o motivo da discussão for sério, poderão discutir com calma, sem um magoar o outro com palavras de raiva, já se o motivo não for sério, nem haverá discussão após isso.

Minha Câmera, Minha Vida


 Minha câmera é igual minha vida, me permite expressar o que vejo, o que sinto, apesar de muitos não entenderem; é uma porcaria, mas comparada com outras, até que é boa; me estressa na maioria das vezes por não ser do jeito que quero, mas tenho que me conformar e tentar configurar ela de uma maneira que fique mais próxima de meu agrado, pois é só essa que tenho. 

Depressão e Barba

 A depressão é igual barba, alguns tem, outros acham que tem, outros não tem e nunca vão ter, caso tenha, você precisa aprender a conviver com ela, pois por mais que você consiga tirar ela toda, uma hora ela volta, ela sempre volta. Então chega ao ponto que você cansa de ficar tirando toda vez que ela decide aparecer, assim ela acaba crescendo, com o tempo ela já faz parte de você, você não consegue mais se desfazer dela, acha que tirando ela, deixará de ser você mesmo, e quando isso acontecer, meu amigo, a situação já está critica, tanto para sua depressão como para sua barba.

 Alguns até conseguem manter ela sem perder o controle, tornando-se pessoas charmosas, correndo o risco de uma recaída, mas esse é o preço do charme. 

 O importante é aprender conviver com ela, pois por mais que você consiga tirar ela toda, uma hora ela volta, ela sempre volta. 

No Meio da Vagina


 Sempre achei o poema No Meio do Caminho, de Drummond de Andrade, desmerecedor de tanta fama. 

 Eu só conhecia duas frases do poema:"No meio do caminho tinha uma pedra" e "Tinha uma pedra no meio do caminho". 

 Certo dia me veio o poema na cabeça e resolvi procurar saber ele por completo. Acabei por descobrir que esse era o poema completo. Fiquei mais indignado ainda. Fui buscar uma analise, apesar de não crer que uma uma analise poderia o salvar.

 A analise fez parecer com que o poema fosse brilhante e revolucionário, então resolvi fazer o meu próprio poema dando-me o direito de fazer uma auto-analise do mesmo.


No Meio da Vagina
por Ridlav Schneider

No meio da vagina tinha um pênis
Tinha um pênis no meio da vagina
Tinha um pênis
No meio da vagina tinha um pênis

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Das minhas virilhas tão fadigadas
Nunca me esquecerei que no meio da vagina
Tinha um pênis
Tinha um pênis no meio da vagina
No meio da vagina tinha um pênis


Analise: Um poema muito sofisticado, revolucionário, modernista e polêmico, no qual descreve um orgasmo sofrido. Claramente o autor quis expressar as noites de trabalho nas quais ele chegava em casa cansado e ainda transava. O poema quebra todas as regras e inova o século XXI. 

Um poema digno de admiração e certamente melhor do que o de Carlos Drummond de Andrade!




O Vinho

 O vinho é a melhor companhia, o que conto para ele, ele não conta para ninguém, nem usa contra mim, conto muita coisa para ele. O vinho sabe mais de mim do que eu mesmo; outra coisa que me faz crer que o vinho é a melhor companhia é que ele nunca me abandona, nem me decepciona, não decepciona porque a única coisa que espero dele é que ele me deixe bêbado, e disso ele nunca falha, as vezes preciso aumentar a dose, mas só isso. Não ame cegamente os humanos, ame o vinho.



Felicidade

 Se fossemos felizes o tempo todo, a felicidade viraria rotina e logo deixaria de ser boa, por isso somos felizes por pouco tempo, porque a felicidade é isso, algo passageiro, talvez até fosse rotineira algum dia e isso tenha feito dela coisa rara.


 Somos tristes por natureza ou talvez só inimigos da rotina.


Meu Aniversário

 Nasci dia 2 de Abril, um dia depois do dia da mentira. Se eu fosse um dos médicos responsáveis pelo meu parto, não hesitaria em fazer uma brincadeirinha nem que fosse, sobre meu nascimento, um dia antes de ele realmente acontecer.

 Acho que o senso de humor que os médicos não tinham, nasceu em mim.

 Hoje em dia o que mais faço é tentar fazer as pessoas rirem.

 Aproveito o dia da mentira para separar amigos próximos que realmente dão importância para mim, dos que não se importam tanto assim.

 Não desmereço quem me parabenizou por eu ter nascido, mesmo tendo errado a data, mas nada melhor do que perceber que se é realmente importante para alguém, tão importante ao ponto de a pessoa não precisa de um mecanismo que a lembre do dia em que nasci.

 Hoje pela manhã, ao acordar do lado de minha namorada, que já havia me parabenizado logo no inicio da madrugada, recebi uma mensagem de texto de minha mãe e meu pai, ambos parabenizando-me pelo meu aniversário, também recebi mensagens de meus melhores amigos e a carta mais linda que já li, a de meu irmão de 7 anos.


 Essas pessoas nunca precisarão de algo para as lembrar do dia em que nasci, e mais do que eu, merecedoras de parabéns são elas, pois sem elas tenho certeza de que não completaria nem mais um dia de vida.



 Sou grato a todos que me desejaram felicidades, mas sou mais grato ainda a quem me faz feliz. Muito obrigado! 




E Se Meu Livro Estivesse Nesta Prateleira?

 Hoje enquanto eu estava em uma biblioteca, fiz uma analogia interessante enquanto folheava alguns livros, percebi que os namoros são semelhantes a eles.
  
 Eu tenho livros bons em casa, livros que ainda não li, não os li porque são meus e posso os ler a hora que eu bem entender, já na biblioteca, via livros na prateleira que davam-me vontade de ler-los tudo ali mesmo, quando finalmente escolhi um para levar para casa, lembrei que eu tinha livros ainda não lidos, pensei comigo "E se os livros que tenho em casa estivessem nesta prateleira?" então percebi que se eu não os tivesse, escolheria eles para levar para casa.


 Quando namoram, as pessoas têm uma falsa sensação de posse, acham que podem "ler o livro" na hora que bem entenderem, logo os "livros da prateleira da biblioteca" parecem serem mais interessantes do que os delas, algumas fazem a burrada de trocar o livro que têm pelo que está na prateleira, sem antes pensar "E se o meu livro estivesse nesta prateleira?".



Insônia

 Maldita insônia que não me deixa dormir, ou bendita, por deixar-me aproveitar o silêncio e a tranquilidade que moram na madrugada.

 Tranquilidade que nem sempre está presente, pois quando a gente está só com a gente, o silêncio é barulhento, a tranquilidade vira bagunça de pensamento. Logo a madrugada já não é mais tranquila, muito menos silenciosa. Mas isso varia, pois existem dias em que a insônia só traz paz, conhecimento e alegria.

 Ainda não sei se amo ou odeio a insônia. Provavelmente os dois.  



Por Que Sou Lésbico?

 Vou contar o que acontece: A maioria dos homens têm medo de parecer gay, forçam a masculinidade, chegando a serem idiotas com isso, para eles ser gay é errado, e aí é que está a chave da questão, eu não acho errado ser gay, não tenho medo de parecer gay, simplesmente sou eu mesmo, faço as coisas sem aquele medo de ser julgado, talvez isso leve algumas pessoas a acharem que sou gay, pelo fato de eu estar nem aí se pareço ou não com um. Quando me chamam de gay, concordo que sou, porém um gay que gosta só de mulher, um lésbico. hahahah

 É preciso ter senso de humor para lidar com gente babaca, ou acabamos loucos.



Passar Vergonha ou Passar Remorso?

 Até quando as pessoas amarão os mortos e massacrarão os vivos?

 Sempre após uma tragédia, vejo uma grande demonstração de carinho pela pessoa que morreu, porém essa demonstração é feita tarde demais, a pessoa merecedora dela já não pode mais saber do quanto era amada. 


 Demonstração de carinho após a morte do merecedor é mais uma demonstração de remorso do que de carinho. 



 Muitas vezes por medo de passarmos vergonha, não dizemos o que sentimos, simplesmente sentimos, sentimos calados, apesar de sermos muito gratos por cada momento em que essas pessoas estiveram presentes em nossas vidas, não demonstramos tal gratidão.  


 Uma gratidão não demonstrada é uma ingratidão demasiada. 


 Melhor dizer "eu te amo" e passar vergonha do que não dizer e passar remorso.



Jogo Chamado Paixão

 É natural, talvez até o mais sensato, ter medo de apaixonar-se, pois sempre temos medo de futuras frustrações, e frustração e paixão são sinônimos, pois quando nos apaixonamos, entregamos nosso mundo nas mãos de uma pessoa só, apostamos todas as fichas, mesmo sabendo que vamos perder, só pelo prazer de jogar esse jogo chamado paixão. 


 Erro em dizer que entregamos o mundo nas mãos da pessoa pela qual estamos apaixonados, pois quando estamos apaixonados, o mundo vira as mãos, os braços, as pernas, o mundo vira a pessoa por completa.


 Queremos estar sempre com ela, pois essa pessoa tornou-se o Ketchup com Mostarda da vida. Tudo fica muito melhor com ela.

 Tão bom e tão ruim quando encontramos alguém que não queremos mais sair de perto, tão bom quando estamos perto, tão ruim quando já não podemos estar.


 O que é paixão?


 Paixão é encontrar alguém pela qual você aposta todas suas fichas, sabendo que perderá, sabendo que por ela vale a pena perder, só pelo prazer de jogar, jogar esse jogo, jogo chamado paixão. 


Deus Confuso

 Hoje enquanto eu voltava para casa, escutei duas senhoras despedindo-se uma doutra. "Fica com Deus!" disse uma delas, "Você também!" respondeu a outra. Fiquei confuso, garanto que Deus também, não deu para entender se ambas gostavam de Deus ou se odiavam ele, pois uma 'dava' Deus para outra, recusando a oferta.

 Esses dias enquanto ia do meu quarto à cozinha, da cozinha ao meu quarto, deparei-me com a televisão da sala ligada enquanto passava um jogo de futebol, "Graças a Deus eu fiz tal coisa!" dizia o jogador enquanto era entrevistado antes de entrar no vestiário, não estranharia caso o jogador do outro time não tivesse dito a mesma coisa para o entrevistador, então pensei eu "Deus está torcendo para qual time, afinal?!". Garanto que estava tão confuso quanto eu, novamente, pois ao voltar do vestiário, jogadores de ambos times faziam sinal da cruz e agradeciam ele a cada lance. Ele deveria de estar pensando "Porra, eu estou torcendo para o outro time e essa cara tá me agradecendo!".



Qualidade ou Defeito?

 Importar-me demais com os outros. Ainda não sei isso é um defeito ou uma qualidade, pois sempre me importo mais com as pessoas do que elas comigo, então acabo sofrendo em consequência disso, porém eu gostaria que todos fossem assim.


 Importar-me demais com os outros é uma qualidade vista pelos outros e talvez um grande defeito sentido por mim.



Devíamos Ser Eternos Bêbados

 Quando estamos bêbados, nos divertimos muito mais, porque fazemos e falamos o que bem entendemos, não pensamos muito nas consequências, perdemos aquela vergonha desnecessária que sentimos no dia-dia, pois paramos de pensar sobre o que vão pensar, perdemos o medo de interagir e tudo vira motivo para sorrir. Devíamos agir sempre assim, devíamos ser eternos bêbados, mesmo que sem álcool no corpo.



Preciso Ser Mais Cachorro

 Cachorros quando maltratados, afastam-se de quem os maltratou, quando bem tratados, retribuem. Os humanos fazem o oposto dos cachorros.

A Paixão é Igual Uma Flor

 A paixão é igual uma flor, por mais bela que seja, se você não a tratar bem, verá-a murchar, se mesmo assim não a tratar bem, verá-a morrer.



Quem sou?

Sou romântico, frustrado, 
carente, agoniado, 
infantil, exagerado, 
melancólico,estressado, 
pensador, malcriado, 
sonhador, revoltado, 
dorminhoco, desanimado, 
feio, retardado, 
preguiçoso, enjoado
esquecido, afobado, 
bêbado, amargurado, 
ninfomaníaco, apaixonado, 
chato, desleixado, 
apreciador, viciado 
e tão sem graça que chego a ser engraçado. 


Domingo

 Domingo não é um dia de semana qualquer, ele é um Sábado misturado com uma Segunda-Feira, não trabalho, não estudo, mas também não posso me divertir em sua madrugada, pelo contrário, tenho que dormir cedo, pois logo pela manhã do dia seguinte, olha quem me espera... sim, isso mesmo, a Segunda-Feira.

 Sexta-Feira tem gostinho de Sábado, Domingo tem gostinho de Segunda-Feira, Segunda-Feira tem gostinho de obrigação de sair da cama, gostinho de acordar as antes das 6 horas da manhã para fazer algo contra minha vontade, gostinho de certeza de que estão por vir mais cinco dias iguais ao mesmo. 

 Sobre o Domingo ser ruim, não é culpa dele, é culpa da Segunda-Feira que é tão ruim que consegue estragar o coitado.


Tédio do Século XXI

 Não é tédio por não ter o que fazer, é tédio por ter muito o que fazer e não saber por onde começar, é tédio por não conseguir se satisfazer. 


 Leio um livro, mas não é o que quero, olho uma série de televisão, mas não é o que quero, escuto musica, mas não é o que quero, olho um filme, mas não é o que quero, jogo vídeo-game, mas ainda não é o que quero. Afinal de contas, o que eu quero?



 É essa duvida que leva-me ao tédio, tédio do século XXI. 


A Última Hora

 Deixo tudo para última hora, deixo para dizer "eu te amo" na última hora, deixo para dar um abraço na última hora, deixo para sorrir na última hora, deixo para viver na última hora, o problema é que não sei quando será a maldita última hora, então não vivo.

 Vamos supor que essa seja minha última hora. O que eu faria nesses últimos 59 minutos e 59 segundos?

 Por que já não fiz essas coisas?

 Por que ainda estou aqui ao invés de estar fazendo elas?

 FAREI-AS! 

 -Ao sair da cafeteria o mero escritor foi atropelado por um carro desgovernado. Mal sabia ele que seus 59 minutos já haviam passado enquanto ele escrevia este texto, mas posso afirmar que os seus últimos 59 segundos de vida foram os melhores já vividos por ele, pois foi o único momento que ele realmente viveu.


Soneto da Minha Definição de Amor e Paixão


Amor não é sentimento instantâneo 
Amor não é paixão 
Paixão sentimento momentâneo 
Paixão termina, amor não 


Juramos amor eterno enquanto namoramos 

Apaixonados não sabemos diferenciar amor de paixão 
E mais uma vez nos enganamos 
Paixão termina, amor não


Devemos dizer "eu te amo" para nossos melhores amigos e familiares 

Esse é o amor verdadeiro e único 
Paixões temos mais de milhares


Essa é minha definição de amor e paixão 

Sou apenas um adolescente, da vida nada sei 
Posso estar errado ou não.


A Raiva Virou Pena

 Analisando o comportamento humano, a raiva tomou conta de mim, quanto mais analisava, mais com raiva ficava.

 A maioria dos humanos fazem de tudo para sentirem-se melhores do que os outros, usam bandas, filmes, gêneros musicais, roupas, músculos, etc...

 Todo esse comportamento idiota fica explícito para quem quiser ver. Caso ainda não tenha percebido, abra qualquer site de relacionamento, posso garantir que tu encontrarás pelo menos um pseudo-roqueiro falando mal de funk ou falando sobre o mau gosto musical de algumas pessoas, um bombadinho postando fotos sem camisa, alguém falando mal de Crepúsculo e louvando algum outro filme, etc... 

 O que essas pessoas têm em comum?
 Todas estão inferiorizando alguma coisa para poderem sentirem-se melhores do que alguém. 


 Após notar esse comportamento, fiquei com raiva. A internet que é um dos melhores meios de comunicação, eu já não queria mais usar, pois era o tipo de comunicação que queria evitar, queria evitar todo tipo de comunicação, na verdade, queria evitar qualquer coisa que possibilitasse meu contanto com humanos de comportamento tão fútil...



 Exilei-me em meu quarto durante dias, até que esse exilo permitiu-me transformar minha raiva em pena. Como posso ter raiva dessas pessoas?


 Essas pessoas provavelmente sofreram bullying de pessoas idiotas, pessoas idiotas que também sofreram bullying e só estavam tentando cobrar-se em alguém, agora os antigos sofredores de bullying praticarão o mesmo, pois acharam algo que fazem-os imaginariamente sentirem-se melhores do que antes e prontos para uma vingança. 

 Os inocentes viraram idiotas por culpa do meio, um meio propicio a idiotices. 


 Os idiotas não têm a total culpa de serem idiotas.


 Tenho comiseração dessas pessoas.


Não Sei Mais O Que Quero

 Não sei mais o que quero, não sei se devo me preocupar tanto com o que quero. Tem coisas que quis e não quero mais, tem coisas que quis e ainda quero, que talvez logo não queira mais. 

 Talvez não me preocupar seja o mais aconselhável, mas tenho medo de fazer isso. E se esse não-preocupamento levar-me a um arrependimento? 

 Não consigo concluir esse texto, pois uma conclusão exige que eu escolha entre preocupar-me ou não, ainda não sei o que escolher, pelo jeito passarei a vida preocupando-me se devo preocupar-me ou não, pelo jeito morrerei de preocupação.


Na Infância Tudo Era Melhor

 Passamos a vida inteira dizendo que o passado era muito melhor. Quando adolescentes, falamos que em nossa infância tudo era melhor, quando adultos, falamos que em nossa adolescência e infância era tudo melhor, quando idosos, falamos que em nossa infância, adolescência e fase adulta era tudo melhor, depois de idosos, não falamos, morremos.  

 Nunca estamos contentes com o presente, apesar dele ser o que em um futuro não muito distante julgaremos tão bom. Acho que é isso que faz da infância uma das melhores fases da vida, não temos memórias passadas para ficarmos lembrando o quanto o passado era melhor, apenas vivemos o presente, e é isso que torna o presente tão bom ao ponto de ser lembrado como uma das melhores partes do passado.


Rodeado de Vida e Morte

 Andei analisando, estou rodeado de vida e morte, 
a vida é bela, a morte nem tanto, mas tem lá suas belezas. A morte possibilita a vida e a vida possibilita a morte. A morte nem sempre significa mais vida, mas a vida sempre significa mais morte.

Melancolia

 Estou normal comigo mesmo, até que bate a melancolia... não, não bate, arromba. A melancolia chega sem avisar, derruba meus motivos de sorrir e me dá novos para chorar, sem eu sequer saber a causa, tudo o que é belo se oculta, vejo o que é de mais sujo e só isso, coloco em minha cabeça que estou triste e sem questionar acredito nisso, fecho todas as páginas das redes-sociais, me privo de qualquer coisa que tenha humanos, pois quando estou assim o podre deles salienta-se, reclamo até do penteado do careca.

 Vem uma nova fase da melancolia, a fase em que depois de odiar tudo e a todos, começo a odiar-me, entro em uma crise existencial, a vontade de suicídio sempre vem à tona, vem acompanhada da minha consciência que diz-me que não devo fazer e diz-me que devo ao mesmo tempo, aí começa uma discussão interna dizendo-me o porquê devo fazer e o porquê não devo, um fala das coisas boas, outro das ruins. Tenho o oposto de eu mesmo dentro de mim, entramos em conflito e fico assim.

 Dou uma pausa para jantar, pós janta a melancolia some, não que meu mal fosse fome, mas que comida é um bom argumento para não cometermos suicídio, isso é.
 Tenho uma unica vida, não me iludo com uma próxima, prefiro continuar com meus jogos, filmes, séries, amigos, comidas, bebidas e outras coisas magnificas da vida, continuar batalhando para não deixar a melancolia oculta-los toda vez que decide aparecer, continuar batalhando para não deixar a melancolia ocultar aquilo que me dá motivos para viver.

O Banho

 Estava tomando banho, gosto de banhos, no verão eles me refrescam, no inverno eles me aquecem, limpam muito mais que sujeira externa, também limpam as internas. Banho no inverno é mais especial do que no verão, reflito mais no inverno, também engordo mais, mas isso não vem ao caso.

 Entrei no banho e não conseguia sair, estava aconchegado, quente, desnudo, livre e seguro. Por que haveria de querer sair?
Acho que fiquei mais de uma hora em baixo d'água, talvez tenha ficado menos, não sei, o banho dessintoniza-me do mundo e é isso que me faz gostar tanto dele.

 Cantei, recitei poemas e versos feitos na hora, coisas que não lembro agora, falava sobre o banho, amor, sobre o mundo, comigo mesmo, em voz alta ou sem sequer abrir a boca.
Saí porque logo bateriam na porta do banheiro insinuando que estava a bater punheta, apesar do mundo fora do banho ser rodeado por punheteiros enrustidos.

 Saí do banho porque não moro sozinho, gosto de ficar até criar rugas, acho que isso explica a sabedoria das pessoas mais velhas e suas rugas, são tão sabias e tão enrugadas porque tomaram mais banhos do que eu.

 Quando eu morar sozinho, só sairei do banho porque cortarão-me a luz ou água, cortarão-me por eu não ter pago, não pagarei porque é preciso sair do banho para fazer isso.

Por que resolvi escrever o Mestre Das Merdas?



"Comecei a escrever para usar a escrita como refugio de um mundo cheio de regras e pessoas que não me deixam imaginar, que querem meu suor, que querem escravizar. Sou escravo da minha imaginação, somente dela.

Como um hipocondríaco, sinto tudo o que acho que sinto. Elevei a minha hipocondria para ser tudo o que acho que sou.

Sou o mestre das merdas que escrevo, posso criar um mundo do meu jeito, como também posso acabar com ele só porque quero, é como ser um Deus, mas não gosto de me comparar a tal, pois não gosto de deuses.

Gosto de expressar-me, sempre busco novas formas parar isso, fotografo, desenho, gravo vídeos, arrisco-me em musica, escrevo, entre outras coisas que possibilitam que eu expresse-me e seja compreendido."


Isso já deixou meio que claro o que escreverei por aqui, na verdade não tão claro assim, pois aqui será um novo mundo, que controlo, mundo da minha cabeça, então não se surpreenda se de repente eu estiver falando de amor, borboletas e acabar o romance com a entrada de um Velociraptor que esquarteja o casal e espanta as borboletas. É minha cabeça, zona que até eu mesmo desconheço, zona que talvez ao escrever conseguirei a conhecer um pouco melhor.